
Como Transformar Dados em Lucro e Produtividade na área de Compras
Tempo de Leitura: 12 min.
Em um cenário em que cada ponto de margem é disputado, falar em “como transformar dados em lucro e produtividade na área de compras" deixou de ser discurso futurista para se tornar agenda imediata de gestores de compras, finanças e supply chain. Dados de baixa qualidade, cadastros genéricos e falta de visibilidade sobre gastos comprometem diretamente o EBITDA, a tomada de decisão e a competitividade.
Ao mesmo tempo, cresce a pressão por automação, IA e digitalização de processos. Porém, sem uma base de dados íntegra, padronizada e governada, nenhuma tecnologia entrega todo o seu potencial. A IA passa a “alucinar”, as automações se perdem e a área de compras continua operando de forma reativa.
Este artigo, baseado em um webinar conduzido pela CH | Astrein em parceria com a Paradigma Business Solutions, mostra de forma prática como dados bem tratados se convertem em economia recorrente, produtividade e decisões mais estratégicas – com exemplos reais de grandes indústrias brasileiras.
Ao longo do texto, você verá como atuar em cinco frentes principais: qualidade de dados, visibilidade e análise de gastos, negociações estratégicas e compliance, automação e digitalização, além da integração da cadeia de suprimentos. Todas convergem para o mesmo objetivo: transformar dados em lucro e produtividade de forma mensurável e sustentável.
O que significa “Transformar Dados em Lucro e Produtividade na prática”?
Na prática, transformar dados em lucro e produtividade significa tratar informação como um ativo econômico, e não como um “subproduto” do ERP. É fazer com que:
Cada item cadastrado seja inequívoco, comparável e rastreável.
Cada pedido de compras seja baseado em dados confiáveis, e não em descrições genéricas.
Cada negociação traga evidências de volume, alternativas de fornecimento e histórico de preços.
Cada relatório de gastos aponte com clareza onde estão as maiores oportunidades de savings.
Quando isso acontece, os resultados começam a aparecer em frentes muito concretas:
Redução de 2% a 5% nos custos de compras apenas com qualidade de dados e padronização.
Diminuição drástica de compras emergenciais, retrabalho e devoluções.
Redução do ciclo de compras de semanas para poucos dias.
Aumento da produtividade da equipe, que passa a dedicar tempo a negociações estratégicas, e não a correções de cadastro.
Dados deixam de ser apenas um “registro” para se tornarem matéria-prima de decisão, diretamente ligada a EBITDA, fluxo de caixa e competitividade.
Por que a qualidade dos dados é a base do resultado financeiro
A CH | Astrein atua há mais de 30 anos com padronização e gestão de dados mestres, tendo saneado mais de 40 milhões de itens e construído uma comunidade com mais de 5 milhões de itens únicos, 200 mil fornecedores e 280 clientes corporativos. Essa escala permite comprovar, na prática, que qualidade de dados é um projeto de resultado, não apenas de organização.
Em um dos cases, uma grande indústria de alimentos e fertilizantes tinha:
Alto volume de itens genéricos e duplicados.
Ausência de categorização consistente.
Dificuldade em estruturar category management e negociações estratégicas.
Após um projeto de saneamento, padronização e governança, a empresa:
Reduziu cerca de 5% os custos de compras, em um volume anual superior a R$ 2 bilhões.
Migrou para um novo ERP com dados consolidados e confiáveis.
Passou a operar com muito menos compras emergenciais e erros de especificação.
Em outra indústria, com foco em materiais gerais, o impacto foi mensurado pela produtividade:
Custo de processamento de pedidos caiu de 50 para 17 (índice interno).
Lead time médio de compras reduziu de 5–15 dias para 1–3 dias.
Compras erradas caíram de 10% para 1%.
A economia anual atingiu 4,9% do gasto da unidade analisada.
Esses casos mostram que, antes de falar em IA, blockchain ou automações avançadas, é preciso atacar o básico: descrições completas, categorização correta, eliminação de duplicidades, unidade de medida adequada, classificação fiscal correta e governança contínua de cadastros.
Cinco frentes para transformar dados em lucro e produtividade
1. Qualidade e governança de cadastros
Tudo começa pela forma como sua empresa descreve e organiza materiais, serviços e fornecedores. Quando o cadastro traz termos como “cabo”, “manutenção”, “conforme amostra” ou “fora gato”, a área de compras fica “às cegas”.
Uma abordagem madura passa por:
Descrições técnicas inequívocas, com atributos padronizados.
Eliminação de itens duplicados e genéricos.
Adoção de padrões internacionais de categorização (como UNSPSC).
Inclusão de atributos fiscais, de aplicação e de unidade de medida.
Revisão de itens legados e criação de regras claras para novos cadastros.
Na CH, isso é suportado por uma estrutura com mais de 72 mil padrões de descrição, equipe técnica especializada e um conceito central: o Golden Code, um “CPF do item” que conecta códigos internos de diferentes empresas a um único identificador técnico.
Com o Golden Code e a comunidade de dados:
Um item atualizado em um cliente pode ser aproveitado por toda a comunidade.
Mudanças de NCM ou atributos fiscais são acompanhadas e replicadas.
Fotos, atributos e alternativas de fabricantes são compartilhados, enriquecendo o cadastro de todos.
Sem governança, saneamento vira projeto pontual e o problema volta em poucos meses. Com governança contínua, a qualidade de dados se torna um ativo permanente.
2. Visibilidade de gastos e gestão por categoria
Com dados saneados, é possível sair do “outros/miscellaneous” e avançar para uma visão clara de spend analysis:
Quanto se gasta por categoria, região, unidade e fornecedor.
Quais categorias concentram maior volume e merecem atenção imediata.
Onde há pulverização excessiva de fornecedores.
Quais itens têm potencial de consolidação para ganho de escala.
A partir daí, entra a gestão por categoria usando matrizes como Kraljic/Strategic Sourcing:
Itens estratégicos: alta criticidade e alto impacto financeiro → contratos robustos e risco bem gerido.
Itens gargalo: poucos fornecedores → planos de contingência e desenvolvimento de alternativas.
Itens alavancáveis: muitos fornecedores e alto gasto → leilões reversos, consolidação de volume, negociações agressivas.
Itens não críticos: baixo impacto → automação máxima, catálogos estruturados e foco em eficiência operacional.
Quando a área de compras domina essas informações, consegue justificar decisões com base em dados, priorizar iniciativas e construir um pipeline de savings crível e rastreável.
3. Negociações estratégicas, comunidade de compras e cross reference
Uma vez que o cadastro está padronizado e a visibilidade de gastos está consolidada, abre-se espaço para ganhos estruturais em negociação.
Dois conceitos se destacam:
Cross reference (OEM x fabricantes reais)
Muitas peças de reposição são compradas como se fossem exclusivas do fabricante da máquina (OEM), mas na prática são produzidas por fabricantes especializados (rolamentos, válvulas, conexões etc.).
Ao correlacionar códigos OEM com os fabricantes originais, é possível comprar diretamente destes, reduzindo o preço em 20%, 40% ou até mais de 70% em alguns casos.
A comunidade de dados da CH concentra essa inteligência, permitindo identificar alternativas técnicas confiáveis.
Negociações conjuntas e comunidade de compras (Blockchain Procurement)
A partir do Golden Code, é possível identificar o mesmo item sendo comprado por diferentes empresas da comunidade.
Uma solução de Blockchain Procurement permite consolidar esse volume e levar ao mercado uma demanda conjunta, ampliando significativamente o poder de negociação.
Em um case de materiais elétricos e rolamentos, a consolidação de demanda sobre o menor preço praticado na comunidade gerou redução adicional de 25% para elétricos e 32% para rolamentos, sem perda de qualidade.
O dado, nesse contexto, deixa de ser apenas uma foto do passado e passa a ser base para estratégias colaborativas de compras, dentro e fora da organização.
4. Compliance, risco de fornecedores e segurança fiscal
Transformar dados em lucro também significa evitar perdas, multas e riscos reputacionais.
Pontos críticos:
Classificação fiscal correta (NCM, TIPI, Lei Complementar 116).
Aderência à reforma tributária e monitoramento de mudanças diárias em normas.
Gestão de riscos de fornecedores (financeiros, reputacionais, socioambientais).
Documentação, trilhas de auditoria e governança sobre cadastros e decisões de compras.
A CH atua com bases atualizadas de NCM e atributos obrigatórios (incluindo requisitos da DUIMP/importação), garantindo que a descrição técnica contenha os elementos necessários para classificação fiscal adequada. Um simples item como “cadeira” pode ter diferentes NCMs e tributações a depender do material e da aplicação; sem descrição correta, o risco de erro é alto.
Na frente de fornecedores, soluções como o Web for Link permitem:
Homologação estruturada de fornecedores com critérios claros (A, B, C).
Análises reputacionais, fiscais, financeiras e socioambientais (background check).
Ampliação da base de fornecedores qualificados, integrada à comunidade de itens.
O resultado é uma área de compras que negocia melhor, exposta a menos riscos e preparada para auditorias internas e externas.
5. Automação, digitalização e uso inteligente de IA
Só depois de sanear dados, padronizar cadastros e estruturar categorias é que automação e IA entregam todo o seu potencial.
A Paradigma, por meio do SRM 360 e de módulos como o Avatar de Compras, mostra como isso se conecta na prática:
Abertura automática de cotações com base em solicitações de compra e regras pré-configuradas.
Convite automático de fornecedores relevantes, cruzando categoria do item com categoria de fornecimento.
Divisão automática de carteira por categoria, especialidade ou estratégia.
Consumo automático de contratos e catálogos em solicitações recorrentes.
Dashboards de SLA, volumes, savings e performance da área em tempo real.
Com dados bem estruturados:
A automação reduz 30% a 40% do tempo gasto em atividades operacionais, podendo chegar a 60% em empresas com forte volume de pedidos spot e processos manuais.
A equipe de compras passa a priorizar negociações estratégicas, análise de cenários e construção de business cases, em vez de “apagar incêndios”.
Quando a IA é aplicada (agentes de decisão, recomendações, análise preditiva), consome menos recursos, erra menos e traz sugestões muito mais alinhadas à realidade do negócio.
IA sem dados de qualidade é custo e frustração. IA sobre uma base saneada é alavanca de produtividade e vantagem competitiva.
Como dar o primeiro passo na sua empresa
Embora o panorama pareça amplo, começar não precisa ser complexo. Um caminho pragmático é:
Mapear o ponto de partida
Identificar o nível atual de qualidade dos cadastros (itens genéricos, duplicidades, inconsistências, NCMs duvidosos).
Avaliar o grau de visibilidade de gastos: quanto está em “outros/miscellaneous”?
Calcular o potencial de ROI
Usar benchmarks de mercado (por exemplo, 2% de economia sobre faturamento em materiais indiretos ou 10%–15% em savings por categoria com spend analysis) para estimar impacto.
Aplicar esses percentuais ao seu volume de compras para construir um cenário de retorno anual.
Estruturar um projeto de qualidade de dados com governança
Definir escopo (materiais diretos, indiretos, serviços, fornecedores).
Envolver áreas críticas (compras, manutenção, fiscal, TI, finanças).
Garantir que, após o saneamento, haverá um processo contínuo de cadastro e revisão.
Escolher as frentes de automação e SRM mais aderentes ao momento
Começar com o que gera impacto mais rápido: divisão de carteira, convites automáticos, uso de contratos e catálogos.
Evoluir para agentes inteligentes, leilões reversos recorrentes e planejamento colaborativo com fornecedores.
Construir o business case para o C-level
Traduzir ganhos de tempo, qualidade e savings em impacto direto no EBITDA.
Mostrar comparativos “antes e depois”: custo de processamento, ciclo de compras, compras emergenciais, índice de erros.
Destacar que R$ 1 economizado em compras entra direto no resultado, ao contrário de R$ 1 de receita adicional, que passa por impostos, custos e despesas comerciais.
Quando dados, processos, tecnologia e pessoas caminham na mesma direção, o discurso de Transformando Dados em Lucro e Produtividade deixa de ser promessa e passa a ser rotina de gestão.
Conclusão: dados como aliado estratégico da área de compras
A área de compras vive um ponto de inflexão. Entre planilhas, demandas urgentes e pressão por redução de custo, é tentador olhar apenas para o curto prazo. Mas os cases apresentados mostram que o maior “ganho rápido” está justamente em estruturar o que muitas empresas negligenciam: dados mestres, governança e visibilidade.
Projetos de qualidade de dados, aliados a soluções de SRM e automação, já geraram economias de milhões de reais em diferentes segmentos, além de aumentarem a produtividade das equipes e a credibilidade da área de compras perante diretoria e conselho.
O próximo passo, portanto, não é perguntar se vale a pena investir em dados, mas sim quanto custa continuar operando com cadastros ruins, baixa visibilidade e processos pouco integrados. Empresas que atacarem essa agenda agora estarão mais bem posicionadas para explorar IA, automação avançada e modelos colaborativos de compras.
Se a sua organização quer, de fato, elevar o papel estratégico de compras e supply chain, o caminho passa por uma agenda clara e disciplinada de Transformando Dados em Lucro e Produtividade.
Dica bônus
Antes de iniciar um grande projeto de saneamento ou implantar uma nova plataforma, escolha uma categoria piloto (por exemplo, materiais MRO, elétricos ou rolamentos) e faça o ciclo completo: saneamento, categorização, definição de estratégia, negociação estruturada e automação do fluxo. Use os resultados dessa categoria como vitrine interna para aprovar etapas seguintes e ampliar o escopo com mais velocidade.
FAQ – 5 perguntas frequentes de gestores de compras
1. Por onde começar se meu cadastro está muito ruim?
Comece por um diagnóstico rápido: identifique os maiores volumes de gasto, quantifique itens genéricos e duplicados e escolha uma categoria relevante para rodar um piloto de saneamento e governança. A partir do aprendizado, expanda para o restante da base.
2. Quanto tempo leva para ver resultado financeiro?
Em geral, projetos de qualidade de dados e spend analysis começam a gerar savings em 6 a 12 meses, especialmente quando combinados com ações de negociação estruturada (contratos, leilões, consolidação de volumes).
3. Preciso de IA para transformar dados em lucro?
Não necessariamente. IA potencializa o que já está estruturado, mas os principais ganhos iniciais vêm de padronização, governança e automações relativamente simples. IA entra como acelerador depois que a base está madura.
4. Como envolver diretoria e finanças nessa agenda?
Traduza o projeto em impacto de EBITDA: mostre quanto representa 2%, 3% ou 5% de economia no volume anual de compras e destaque que a economia em compras vai direto para o resultado, diferentemente da receita adicional.
5. É possível medir o ROI de forma consistente?
Sim. A partir de indicadores como redução de custo por categoria, diminuição do ciclo de compras, queda em compras emergenciais e erros de fornecimento, é possível construir uma calculadora de ROI que suporte a priorização de investimentos e comprove que sua empresa está, de fato, Transformando Dados em Lucro e Produtividade.
CH | Astrein — Pioneira em Gestão de Dados Mestres na América Latina.
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